Primeira negra combatente do Exército Brasileiro entra para o Livro de Heróis da Pátria t5ws

Laudelina de Campos Melo foi responsável por levantar bandeiras contra o preconceito racial e contra a discriminação das mulheres

Laudelina de Campos Melo, precursora na luta por direitos dos trabalhadores domésticos, teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, após sanção da Lei 14.635/2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mulher negra entra para o livro de heróis da pátriaLaudelina de Campos Melo, a sindicalista das mulheres. Foto: Wikimedia Commons – Foto: Wikimedia Commons/ND

A lei foi publicada na última quarta-feira (26), no Diário Oficial da União, e tem origem no Projeto de Lei 1795/2021, aprovado em 20 de junho.

“Para nós é um reconhecimento político”, disse Cleusa Aparecida da Silva, coordenadora da Casa Laudelina de Campos Melo – Organização da Mulher Negra. Ela ressalta que o Brasil não conhece a história das mulheres negras que  “foram responsáveis pela edificação da sociedade brasileira”, disse.

Silva ressalta que essas mulheres não estão nos livros didáticos e que considera que esse reconhecimento é fundamental e prioritário.

“Esse reconhecimento histórico tem um impacto psicossocial nas nossas vidas, um impacto do ponto de vista de reconhecimento, no ponto de vista subjetivo, no ponto de vista do psicológico, no ponto de vista da autoestima, e para que a gente conheça a nossa verdadeira história”.

A mídia não dá visibilidade nem espaço à classe trabalhadora, observa Silva. “Então esse reconhecimento, a inclusão de Laudelina de Campos Melo no Livro e Heróis e Heroínas da Pátria é o maior construto político para nós nesse início de terceiro milênio”, acrescentou.

Primeira combatente negra do Exército 6e7152

De acordo com a Fenatrad (Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas) a trajetória de Laudelina foi fundamental para a organização da categoria na busca de direitos. Ela foi responsável por levantar bandeiras contra o preconceito racial e contra a discriminação das mulheres.

Neta de pessoas escravizadas, Laudelina nasceu em Poços de Caldas (MG) em 12 de outubro de 1904. Na década de 1930, começou a participar de movimentos populares, da fundação do partido Frente Negra Brasileira, além de se filiar ao Partido Comunista Brasileiro.

Ela fundou ainda, em Santos (SP), a Associação de Trabalhadores Domésticos do Brasil. “Nós queríamos colocá-la, de fato, como uma figura de grande visibilidade nacional e internacional pela sua trajetória política”, disse Silva.

“Foi uma mulher que prestou serviço, na perspectiva dos Direitos Humanos, em várias áreas. Ela trabalhava com a questão da mulher, de gênero, racial, tinha a questão do trabalho doméstico como prioridade, trabalhava com a pauta da educação, com arte e cultura”, acrescentou.

Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, ela se alistou nas forças armadas. Conforme divulgou a Casa Laudelina, ela foi a primeira combatente negra do Exército, viajou por diversos países, serviu de espiã, foi baleada e operada, e se aposentou como ex-combatente. Laudelina morreu em 1991, aos 86 anos.

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Herói ou heroína da pátria é um título dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país, segundo informações da Agência Senado.

A inscrição de um novo nome depende de lei aprovada no Congresso. Entre os heróis e heroínas brasileiros, estão Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel.

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